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Mostrando postagens de 2011

I'll Try Anything Once (You Only Live Once)

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Poderia escrever milhares de linhas sobre o ano que passou e sobre o ano que virá, mas talvez isso seja pura redundância diante de uma música tão linda e emblemática.   Videoclipe da música I'll Try Anything Once, dos Strokes.

Sonhos

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Quanto aos sonhos, poucos percebem a diferença entre concretizá-los e realizá-los. Concretizar um sonho, para mim, significa saber exatamente o que se deseja. Significa, por exemplo, não apenas sonhar com a "felicidade", mas saber exatamente e minuciosamente o que ela significa para você. Significa saber onde se está, onde se pretende chegar e qual dentre os vários caminhos é o melhor até lá. Realizar um sonho, por sua vez, refere-se ao intervalo entre o caminho e a chegada. Significa todo o processo de alcance daquilo que se deseja. Envolve tanto o caminho quanto a chegada. A confusão entre os dois verbos ocorre por muitos motivos. Primeiro porque às vezes queremos "realizar nossos sonhos" sem nem sabermos concretamente quais são eles. Não raro isso acontece. É o que chamo de "caminho sem fim": sem pontos de parada, é um caminho aflitivo, que cansa. Devemos evitá-lo. Segundo porque às vezes chegamos a realizar sonhos que nunca sonháramos. Raramente

Tempo, Tempo, Mano Velho

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Não mais aquela surpresa constante da criança que vai descobrindo a vida a cada novo passo, mas sim aquela surpresa inusitada - quase um susto - de quem já sabe o que esperar da previsibilidade do mundo e que, mesmo assim, ainda não espera perfeitamente bem. Não o susto de quem se descobre perdido, mas o susto de quem sabe exatamente qual rota seguir e de repente descobre que o mapa está desatualizado, ou mesmo que a meta mudou. A surpresa de quem vai descobrindo que nem sempre há um retorno quando se erra o caminho; e que o preço a ser pago pelo combustível queimado na rota errada é caríssimo. Não o susto de quem vê um animalzinho na pista, mas o horror de quem vê outra pessoa atropelando-o deliberadamente. Não a surpresa do adolescente que se apaixona pela menina que mal conheceu, mas a surpresa causada pelo velhinho que, apesar das rugas da convivência, ama fervorosamente sua companheira de vida. Não a surpresa de receber uma nova cartinha de amor, mas surpresa de encontrá-la

Teologia Relacional: uma abordagem literária

Há quem diga que todo leitor é uma espécie de deus que, ao ser surpreendido com a morte de uma personagem, pode ressuscitá-la voltando algumas páginas ou mesmo reiniciando a leitura. Uma espécie de deus da tão surrada "teologia relacional", que não deseja a morte de ninguém, que tem poder de ressurreição, mas que não tem poder algum para mudar a história. Para alguns, deus meio que passivo. Para outros, Deus compassivo e amoroso. E mbora seja uma analogia bastante charmosa, confesso que para mim o Deus verdadeiro sempre esteve mais para escritor. Escritor dos bons. Escritor cuja história nem é escancaradamente óbvia, nem misteriosa demais. Escritor cuja mão ao mesmo tempo bate e acarinha. Escritor cuja história é cheia de peripécias, altos e baixos, poesia! Escritor cujos narradores e eu-líricos, consubstanciados a si-próprio, sabem a hora de aparecer e a hora de velar. Escritor, enfim, tantas e tantas vezes incompreendido pelos poucos que de fato o lêem - mesmo quand

Casa Poliglota

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Um dos meus maiores sonhos de vida é trabalhar naquilo que gosto ajudando aos outros e fazendo isso de maneira justa e dedicada. E uma das maiores alegrias, minha e de meus amigos da Letras-USP, é saber que parte desse sonho está sendo cada vez mais realizado através da Casa Poliglota . Veja nosso site: http://www.casapoliglota.com.br/ A Casa Poliglota é um projeto idealizado por nós com o intuito de oferecer aulas particulares de idiomas com qualidade e flexibilidade . A equipe, composta por professores altamente competentes, oferece aulas de Língua Portuguesa ( redação , gramática , etc ) e de línguas estrangeiras, como Alemão , Espanhol , Francês , Inglês , Italiano , Latim , Libras e Português para estrangeiros  - sem contar que, se tudo der certo, muito em breve ofereceremos outros idiomas! Esse projeto surgiu diante de alguns fatos que fomos percebendo ao longo de nosso trabalho como professores particulares: 1) algumas escolas de idiomas cobram um preç

Das indicações e outras surpresas

Algumas honras nos pegam tão de surpresa que até nos deixam sem palavras. Ontem aconteceu uma delas. A escritora Larissa "Frau" Forster, responsável pelo excelente blog Das capivaras e outras coisas e também participante do blog Meninas Improváveis , escreveu em sua coluna semanal um texto cuja proposta era indicar um blog. Qual foi minha surpresa quando vi o Canto em Silêncio como blog indicado! Diz a escritora: « No período que estive na faculdade, tive a chance de fazer bons amigos e conhecer pessoas extremamente talentosas. E uma delas é Vinícius Barqueiro. Em seu blog, Canto em Silêncio , o qual acompanho, podemos encontrar desenhos, aforismos, contos... Tudo com muita sensibilidade e grande clareza de espírito. Eu particularmente prefiro os contos, que sempre me fazem refletir e repensar minha pacata existência.  » ( FORSTER, F. " Canto em Silêncio ". In: Meninas Improváveis . São Paulo: Blogspot, 2011) Obrigado pelas palavras e pelo incent

A moeda do desejo secreto

« Há duas faces na moeda do desejo secreto: em uma, a comoção de quem é surpreendido com aquilo que sempre desejou e nunca pediu; em outra, a angústia de quem espera do devedor aquilo que ele nem sabe que deve. »

Sobre os Anjos

« A questão não é se existem ou não anjos infiltrados entre nós; a questão é se o mundo pode ou não alegar que você é um deles. »

A epidemia da reclamação

Nunca houve doença tão contagiosa quanto a epidemia da reclamação. Basta que alguém vocifere uma mísera reclamaçãozinha sobre algo tão banal como, sei lá, "o tempo", para que outrém abra um sorriso de concordância revoltada e comece a reclamar também. Não importa se "o tempo" está calor ou frio demais, se chove muito ou pouco, se o fim do feriado chega rápido ou se o fim do expediente nunca chega - qualquer reclamação gera outra e mais outra e mais outra ad eternum . É a própria reclamação a iniciadora-mór de diálogos, de amizades, até de amores! E de brigas e separações. É reclamando que a mãe dá a luz e é reclamando que a criança nasce. É reclamando que a gente procura emprego e é reclamando que a gente trabalha. Viver é reclamar. É sempre a partir de uma insatisfação com o presente que grandes idéias nascem e o mundo se transforma. É a eterna transformação do mundo o maior motivo de reclamação. Todo mundo reclama de tudo toda hora. Pior é que, se a gente ousa l

Tal qual o criminoso

Tal qual o criminoso que pede ao assaltado para, por obséquio, passar-lhe uma parte de seu montante financeiro, assim o conto cujo único valor consiste no respeito à norma culta.

Big Fish in Wonderland

Embora eu saiba que, para muitos, minhas opiniões sobre Tim Burton são sempre meio suspeitas (por conta da minha paixão pela força imagética de seus filmes), preciso compartilhar uma hipótese que não me sai da cabeça há algum tempo. É que tenho visto em "Alice in Wonderland" (2010) muito mais do que uma fraca adaptação de um livro: penso que a história de Lewis Carroll foi mero pretexto para Tim Burton fazer uma escancarada releitura de imagens e questões subjetivas já abordadas em outra grande obra sua, "Big Fish" (2003), filme que também recorre à deliciosa fronteira entre realidade e fantasia. Por favor, leiam e digam se minha hipótese é plausível (ou se estou ficando louco). Obs.: o texto contém spoilers. O estopim de ambas as estórias é, no "plano da realidade", o processo de morte de um pai fantasioso e visionário . Alice perde o pai que era considerado louco tal como está prestes a ocorrer com Will, filho do figuraça Edward Bloom. A mor

Um livro pra chamar de seu

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Paquerou muitos em bibliotecas e livrarias. Paixões fugazes que começavam e terminavam num cafezinho ou num puf. Saboreava-os o máximo que podia, pois o tempo urgia. Depois vieram os virtuais, clandestinos. Promissores, mas sem a delícia do toque ou do cheiro. Até que passou a alugar alguns. Amor a prazo, bom, mas sujeito a punições. Sem atrasos. Sem marcações. Livros sem donos, livres, feitos apenas para passarem de olho a olho, de mão a mão. Mesmo assim, mais possíveis do que se roubasse, ou melhor, emprestasse das amigas, embora a emoção de pegar um livro alheio fosse muito atraente. Ainda mais quando as amigas falavam bem do dito-cujo. Um dia começou a querer um livro pra chamar de seu. Trabalhou muito, economizou, e conseguiu um. Tantas opções. Tão iguais. No começo lia-o devagarzinho, com cuidado, saboreando-o delicadamente. Queria que não tivesse fim. E até que durou bastante. Mas um dia o livro acabou. Virou lembrança, empoeirada. Sabia de cor a história. Podia prever

Por uma nova metodologia de disputa acadêmica: Lattes-Cards

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Figura 1. Paul Cézanne: Les jouers de carte ABSTRACT: Discute-se muito acerca da influência do capitalismo no ambiente acadêmico, inclusive no curso de Letras da USP, tradicionalmente de cunho mais socialista. Isso porque a carreira científica tem sido vista cada vez mais como uma trajetória em que é preciso consumir bibliografia e acumular notas, publicações, congressos e premiações para se dar bem na disputa por crescimento no "mercado acadêmico". Tendo em vista isso, e baseado sobretudo na obra de Jorge Cham ( CHAM : 2011 ), nosso trabalho tem por objetivo propor a criação do jogo de cartas que denominamos "Lattes-Cards". Nessas cartas, os pontos acadêmicos acumulados pelos docentes seriam organizados e divididos por critérios de comparação já usados pelas principais agências de fomento (ex. figura 2 ). Após a etapa de coleta de dados e criação das cartas, distribuir-se-iam as mesmas aos alunos de Letras da USP via JúpiterWeb, de modo a facilitar a já trad

The Next Time Around

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Videoclipe da música The Next Time Around, da banda Little Joy. "if nothing ventured, nothing earned" de saída para Ilha Comprida! =)