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Mostrando postagens de março, 2012

Promessa

Um dia ainda aprenderei que o bonito não é assumir um monte de coisas das quais não dou conta, mas cumprir completamente o pouco que eu assumir. Saberei que mais honroso do que sair de uma situação complicada é simplesmente ter o discernimento de não entrar nela. Pararei de querer abrir um milhão de portas - como aquelas do saguão de entrada apresentado por Lewis - e simplesmente adentrarei em uma delas, convicto de onde irei repousar minhas angústias e esperanças: convicto de que ela levará a um jardim com um longo caminho pela frente. E minha caminhada será muito menos corrida, pois perderei menos tempo juntando chaves que destrancam portas irrelevantes. E os passos mais vagarosos me permitirão notar as belezas de cada detalhe do novo caminho, principalmente as pessoas que estiverem na mesma rota. E essa contemplação do presente tirará toda a ansiedade do futuro, pois perceberei que, em vez de sozinho, estou seguindo muito bem acompanhado. E saberei finalmente desfrutar dos tantos

O Primeiro Passo

Muitos desafortunados deixam de ser felizes por pura falta de oportunidade: a vida acaba forçando-os a se distanciarem daquilo que lhes realizaria. Outros, grandes tolos como eu, às vezes esnobam a felicidade por pura falta de discernimento: não sabem dar prioridade ao que lhes é oferecido com fartura. De um jeito ou de outro, ainda bem que a consciência da própria condição continua sendo o primeiro passo para uma possível mudança de vida.

O Escritor Paradoxal

Eis o escritor paradoxal: não aquele que escreve com forma e conteúdo paradoxais, e sim aquele que nem escreve.

Mesmo se Maquiavel estiver certo

Mesmo se Maquiavel estiver certo ao afirmar: " o homem que tenta ser bondoso todo o tempo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons ", ainda assim faltará um detalhe muito relevante: as pessoas que não tentam também. A certeza da morte não nos impede de lutar pela vida, assim como a dominância da maldade não pode nos impedir de lutar pela bondade. É no mesmo barco que navegam aqueles que buscam a salvação, mesmo na certeza de já tê-la, e aqueles que assumem Deus como alvo, mesmo na convicção de sua inexistência. Uma coisa é ser arrastado pela forte correnteza, outra coisa é insistir em remar contra ela - seja qual for o sentido. E é incrível como fazemos tão bem as duas coisas - animais paradoxais que somos - mesmo sabedores de que, assim ou assado, prosseguimos à deriva.