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Meus Desenhos

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Timidez

Cecília Meireles Basta-me um pequeno gesto feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve... - mas só esse eu não farei. Uma palavra caída das montanhas dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes... - palavra que não direi. Para que tu me adivinhes, entre os ventos taciturnos, apago meus pensamentos, ponho vestidos noturnos - que amargamente inventei. E, enquanto não me descobres os mundos vão navegando nos ares certos do tempo até não se sabe quando... - e um dia me acabarei.

É Claro

É claro como o sol que é mais bonito falar do que se sonha em poesia, mas vejo o quanto é raro e esquisito que o sonho venha e vire uma alegria. É clara como a lua que é mais bela a chama da paixão inalcançável, mas veja o oceano que revela o quanto que é distante o apaixonável. É claro como o sol que é essencial chorar por sempre ser insatisfeito com este velho mundo natural e é clara como a lua que é mutante a água da distância que apaga o sonho que só dura em um instante.

Sonetos Desiludidos

Poética Desiludida Os próximos sonetos que se seguem pretendem vagamente demonstrar três grandes ilusões, antes que ceguem a nossa falha vida - vou falar: Primeiro do conceito Liberdade pois é algo buscado sem saber que não há liberdade de verdade pois sempre há um senhor pra se escolher; Segundo do conceito de Verdade pois tem sido entendido relativo e crido com certeza tão vazia; Terceiro do conceito Poesia pois é algo glorioso, algo que vivo e é algo que pratico em humildade. Liberdade Ilusória Há gente que acha linda a Liberdade, poder fazer aquilo que quiser, não ter quem diga não à sua vontade aproveitar a vida - se assim quer. Porém aqui pergunto, mas fazer o que minha vontade me mandar não é me sujeitar, não é querer ser preso a mim, a mim me acorrentar? E já que sou tão falho, limitado, não é melhor, invés de me escolher e a mim servir, ouvir o que me diz meu Deus, meu criador, que diz feliz é aquele que o servindo, só por crer, da culpa

Canção Excêntrica

Cecília Meireles Ando à procura de espaço para o desenho da vida. Em números me embaraço e perco sempre a medida. Se penso encontrar saída, em vez de abrir um compasso, Projeto-me num abraço e gero uma despedida. Se volto sobre o meu passo, é já distância perdida. Meu coração, coisa de aço, começa a achar um cansaço esta procura de espaço para o desenho da vida. Já por exausta e descrida não me animo a um breve traço: - saudosa do que não faço, - do que faço, arrependida.

Soneto Sobre a Cegueira

Você não pode ver que somos cegos que guiam uns aos outros pelo nada tapados pela luz de nossos egos em meio à vil manhã enluarada? Você não pode ouvir os nossos gritos que buscam um sentido pela estrada guiada de verdade e não de mitos ao fim de uma noite ensolarada? Você não pode ver, nenhum de nós, que tão buscada luz às vezes cega e o sol é refletido em lua triste? Você não pode ouvir que estamos sós e a voz de nossa mente a gente nega em canto à bela Luz, a que existe?