Suicídio da Inteligência

"Tão logo nos enfiamos mais seriamente em seus textos, começamos a sentir a mesma coisa de sempre, a inexplicável tentação de suicídio da inteligência por meio da própria inteligência. O escorpião cravando o seu ferrão, cansado de ser um escorpião, mas necessitando da escorpianidade para acabar com o escorpião. Em Madras ou em Heidelberg, o fundo da questão é sempre o mesmo: existe uma espécie de equívoco inefável no princípio dos princípios, de onde resulta este fenômeno que está falando a vocês neste momento, bem como vocês que estão escutando. Qualquer tentativa de explicá-lo fracassa totalmente por uma razão que qualquer um pode compreender: para definir e compreender, seria necessário estar fora do definido e do compreensível."

CORTÁZAR, Julio. In: O jogo da amarelinha

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