A Metamorfose, de Kafka

Resenha participante do Desafio Literário 2013

Eu que sempre tão preso ao papel, finalmente li meu primeiro ebook:  A Metamorfose.

Conhecia de cor o enredo (o cara que se transforma num inseto) e o estilo do autor, de modo que há tempos sei explicar o que é um texto kafkaniano. No entanto, o fato: eu ainda não tinha lido nada dele. Não por falta de indicações, mas por pura procrastinação. E gostei, não como algo genial ou comovente, mas como algo necessário.

Com relação à estória, clichê relembrar o quanto Gregor e sua família se metamorfoseando metaforizam a humanidade que vai perdendo seus traços essenciais em meio ao mundo moderno.

Com relação ao estilo, também clichê relembrar o quanto a narração sendo narrada como corriqueira metaforiza a naturalidade com a qual encaramos as bizarrices do cotidiano. Quer cidade mais kafkaniana do que nossa São Paulo?

O defeito dos clichês não é serem repetições, mas é perderem o efeito. E o que Kafka faz é exatamente isso: ao narrar como natural algo nauseante, lembra-nos o quanto fazemos isso no dia a dia. Lembrete que talvez nem faça mais efeito, embora siga necessário: foi apenas quando virou inseto (quando se colocou "outside") que Gregor começou a reparar melhor nas coisas.

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KAFKA, Franz. A Metamorfose. [1915]

Comentários

  1. Eu releio alguns e este continua na lista dos "próximos", mas nunca chega... Quem sabe agora com seu empurrãozinho?
    Adoro seus textos

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