Uma das metáforas mais significativas a que recorro para explicar meu comportamento, tanto meus acertos quanto meus erros, é a seguinte: "meu prazer é abrir portas". Quando penso em abandonar tal comportamento, deparo-me com este trecho lindo e me conforto: "Todos conhecemos que a noite e os dois lados que todas as noites têm: a noite dentro de casa e a noite fora de casa. Ou seja: há a tranquilidade e o esperado e há, ainda, o medo e a estranheza. Claro que se poderá sempre dizer que a poesia não se encontra nem em um lado nem no outro: a noite tem dois lados e a poesia é a porta da casa no momento em que é aberta e o escuro cobre a relva e o céu. Mas quando alguém tem medo, deve correr para casa; e quando sente tédio, deve correr para a parte de fora da casa. E a poesia, que parece uma coisa parada, resolve, ao mesmo tempo, o tédio e o medo, o que é bom e dois, sendo uma única, a poesia. Uma coisa que caminha, ao mesmo tempo, para seu lado direito e para o esquerdo...